Sempre precisei de um pouco de atenção. Não gosto de ser mais uma, eu gosto da atenção, não da total atenção, mas da devida atenção de quem tem a minha. Eu gosto do cuidado e das palavras de carinho, eu gosto é daquele olhar de mar, de imensidão, olhar de quem quer amar. É que eu sempre quero ir até o fim, lambendo os dedos, com eterno gosto de quero mais. Eu sempre quero mais.
Eu me apego. E gosto e quero, fico envolvida. Não adiantar me pedir para não fazer, sou facilmente cativada. Não vejo como um defeito, mas claro, não é minha maior virtude. E a culpa não é só minha, sinceramente eu não sou de inventar coisas não. Eu junto meus fatos e minhas vontades, eu junto palavras e um bocado de gestos. Vou juntando tudo como quem faz bolo. E embolo.
Eu quero a verdade, somente a sinceridade e não quero frases de migalhas. Eu não quero só um corpo, eu tenho o meu. Eu quero alguém de carne, osso e sentimentos. Não quero os seus ressentimentos, quero os sentimentos. Os mais novos, dos mais quentes, tons quentes, beijos quentes. Eu quero mais, mais do que um corpo sobre o meu. E se não for assim, que não seja nada. De nada estou cheia e sempre acordo com gosto de nada na boca. E sonho com nada. Sempre esse nada, como se fosse muito, como se bastasse. Parece que não vê, que não sente, que não vive junto comigo toda vez que segura a minha mão. Não me venha com essa cara de nada.
Continuo fingindo então. Finjo que não ligo, finjo que sou moça forte e que não sinto ciúme. Eu finjo que é casual. Finjo até a existência. Finjo que me diz a verdade e finjo que não sei o que se passa. E passa pouco. Assim fica fácil pra fingir. Ignoro também, a sua falta de tato, o meu excesso, as suas falhas, o meu desacordo no nosso acordo, ignoro por completo a realidade e digo assim, com voz firme para mim mesma: um dia de cada vez. Assim acredito no sentimento do dia, que pode sempre mudar na próxima hora.
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